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Qorpo Santo - Entre a santidade e a loucura

O conflito entre moral e vontade na obra As Relações Naturais de José Joaquim de Campos Leão, Qorpo-Santo



Impertinente – Já estava admirado; e consultando a mim mesmo, já me parecia grande felicidade para esta freguesia o não dobrarem o si..... E para eu mesmo não ouvir os tristes sons do fúnebre bronze! Estava querendo sair a passeio; fazer um visita; e já que a minha ingrata e nojenta imaginação tirou-me um jantar, pretendia ao menos conversar com quem m'o havia oferecido. Entretanto não sei se o farei! Não sei porém o que me inspirou continuar no mais improficuo trabalho! Vou levantar-me; continuá-lo; e talvez escrever em um morto: talvez nesse por quem agora os ecos que inspiram pranto e dor despertam nos corações dos os ouvem, a oração pela alma desse a cujo os dias Deus pôs termo com a sua Onipotente voz ou vontade! E será esta a comédia em quatro atos, a que denominarei – As Relações Naturais.

A transcrição acima de parte da primeira cena da obra, que o próprio trecho já nomeia, nos coloca em contato com algumas das caracteristicas da escrita dramatica de Qorpo Santo. O carater de autobiografia ficcional, a metateatralidade, o pensar em voz alta atravéz da personagem, a indecisão e a declaração da decisão tomada diante do público, a referência ao ato de escrever, os encontros amorosos, as ideias ou situações absurdas e as refências a religião são algumas das marcas recorrentes do autor. Todavia é dificil comprender algumas caracteristicas da obra em questão sem conhecer ao menos um pouco a história pessoal do autor e por extensão a sociedade na qual ele viveu e que o marcou.

Qorpo Santo


Entre a santidade e a loucura

José Joaquim de Campos Leão nasceu em 19 de abril de 1829, em Triunfo, Rio Grande do Sul, filho do primeiro professor público da cidade e da filha de um estancieiro e dono de charqueada, pessoa com muitas posses. Teve uma infância bastante tensa, ele relata ter presenciado aos três anos o abuso a uma mulher, fato que o marcou fortemente, no ano em que ele faz seis anos começa a Revolução Farroupilha, guerra da qual Triunfo foi várias vezes cenário e onde morre, quando ele tinha dez anos, seu pai em uma emboscada, sua mãe morre provavelmente em 1855. Em 1862 é diagnosticado como monomaniaco e sua esposa pede a interdição judicial de seus bens e ele passa a ser alvo de chacotas pela sociedade gregária dos costumes e convenções que regiam a vida provinciana. Ainda tem mais uma grave perda com a morte de sua filha Décia Maria de Campos Leão em 1864. Escreve todas as suas peças de teatro em um periodo de poucos meses no ano de 1866 em um padrão de escrita totalmente diverso ao da época, em 1877 funda a própria tipografia e edita a sua Ensiclopédia, a qual o volume IV é composto de suas comédias. Qorpo Santo morre em 1983 e a primeira encenação oficial de um texto seu vai ocorrer apenas em 1966 numa iniciativa de resgate de sua obra. Qorpo-Santo era um homem dividido entre o esforço para atender a moral social conservadora da sociedade na qual estava incluido e a luta de autoafirmação de uma personalidade incapaz de se enquadrar aos moldes pretendidos; divisão que se reflete no carater fragmentário de seus personagens e cenas e na constante busca de completude e satisfação presente em sua dramaturgia.


Ato I

Cena Primeira

No texto o autor mitiga a moral desde aqui, onde aparece o tema do luto porém sem nenhuma reverência. A ideia de escrever no corpo de um morto, enquanto os sinos ainda dobram por sua morte, certamente já seria o suficiente para consternar seus conterraneos e contemporaneos, ainda, o escrito sobre o dito morto não é nenhuma homenagem ou outro texto que poderia ser considerado sacro ou sério mas uma comédia e como se não bastasse tratando sobre o que o autor chama de relações naturais que seria o sexo  liberado das amarras do matrimônio que aparece como uma necessidade constante que move seus personagens e sua ação dramática. O tema do luto seria então uma questão mais para a freguesia e que, para o Impertinente, só lhe importa no que atinge em sua vida prática: o som dos sinos que lhe incomoda e a imaginação desagradável que lhe causa o rito fúnebre corrente, talvez pelas importantes perdas pelas quais passou o autor. Logo em seguida o personagem-autor começa a escrever e, para ele, o simples fato de sua fábula se passar na cidade de Porto Alegre, capital da Provincia de S. Pedro do Sul, e para muitos, - Império do Brasil já é o suficiente para considerá-lá uma verdadeira comédia, gênero que em sua forma clássica trata de ações de natureza baixa e pessoas vulgares. Logo em seguida grita que leve o diabo esta vida de escritor! Posição com relativo reconhecimento social à época e afirma que melhor seria ser comediante, algo de bem menos status, e que ao invés de escrever seria melhor estar em casa de uma bela gozando e, como se não bastasse para o decoro de seus possíveis espectadores, sugere paradoxalmente que milhões de diabos o levem ao Céu de pureza se ele voltar a trabalhar Antes de ter numerosas moças com que passe agradavelmente as horas.  Certamente só o apresentado até aqui seria o suficiente para provocar senão uma censura efetiva ao menos uma censura social daqueles que já o chamavam de louco. Na sequência dá-se continuidade à ação cênica com algumas indicações de jocosidade, onde o Impertinente se prepara para sair e entra a personagem Consoladora.

Cena Segunda

Retrata no conflito entre a Consoladora e o Impertinente, onde ao ao invés do entendimento se desenvolvera um desafio um sairá vitorioso em detrimento do outro, uma imagem anti-idealizada da instituição do matrimônio. Ele de principio o interpela indicando a internção de de que ele não saia, para que passem o tempo juntos. Este lhe responde que já está aborrecido da mulheres para em um à parte explicar que “é preciso dizer-lhe o contrário do que penso!” Esta reclama de sua grosseria e de sua intenção de ir atrás de outras mulheres pretendendo impedi-lo de sair. Passá-se à uma pequena discussão enquanto o humor se dá pela ação cênica pontuada pelos dialogos. Para impedir-lhe de sair ela lhe retira a casaca, ao que ele retruca que permanece de sobrecasaca, ela em alguns saltos tira-lhe o chapéu e por baixo ele tem um pequeno boné piramidal, ao que ela tenta tirar-lhe as calças  ele agarra com uma mão em cada perna e sai aos pulos afirmando Se és planeta, eu sou cometa!. No final permanece a Consoladora desconsolada em cena. 

Cena Terceira

Entra o impertinente com uma jovem companheira intitulada Interpreta e se dirige ao público Já se vê que a escolha que fiz hoje, e que pretendo fazer de uma em cada mês objetivando a companheira e mostrando uma intenção de não estabelecer laços duradouros nem com ela, nem com nenhuma outra, reforçando o ataque aos ideais do amor romântico feito até aqui. Logo a seguir ele compara as famílias da cidade a rebanhos de ovelhas merinas além de afirmar que ela seria simplesmente uma das melhores espécimes dentre estes. Ela reponde afirmando o valor da mulher e afirmando a necessidade de respeito aoo que lele responde com riso e escárnio. Ela afirma que ele não a enganara e ele apela indicando bens materiais ao quais ela e olha e não vê. Ela sai reclamando que nunca se sustentou de palavras mostrando o carater de interesse de suas intenções também e ele afirma É a trigésima, vigésima e décima vez que me prega estes carões!


Ato II

Cena Primeira

Aqui temos uma quebra maior na linearidade da peça(e das personagens), a personagem impertinente deixa de aparecer e neste momento entra em seu lugar Truquetruque. Este não deixa de ser mais uma faceta da autoprojeção do autor na peça; assim como o outro reclamava do oficio de escrever e que é melhor estar em casa de uma bela este esta à porta fechada da casa de uma senhora, que não esta em casa ou simplesmente não lhe atende, e afirma “sou um grande dialeta, retórico,filósofo”. Ao não conseguir entrar Truquetruque dirige-se ao público, considera a possibilidade de que o mesmo fica-se com inveja de suas aptdões e o envenenasse começa desenrolar em assuntos absurdos e sem um sentido direto com a trama, procedimento comum do autor que vai ser usada também depois pelos autores de teatro do absurdo, volta a questão do envenenamento e e termina a cena declarando que não aceita, não quer e não concorda com a própria destruição. A cena acaba e a personagem não mais aparece na trama. 

Cenas segunda e terceira

Aqui a lineridade se fragmenta mais com a inclusão não apenas de um novo personagem principal na cena, um novo alterego para QS chamado Um Indivíduo, como também pelo fato de que as falas das personagens femininas necessitam ser distribuidas de forma arbitrária entre quem as interpreta, já que o autor simplesmente indica: Uma delas; Outra; Outra; Outra; Elas; Uma; Outra; Outra... a cena, logo percebe-se, passa num prostibulo. O alterego de QS procura ali companhia mas logo no começo elas perguntam Que quer o senhor aqui?, O que faz?, “Quem o mandou cá? e mostrando total rejeição outra afirma Não sabe que sempre foi um homem honesto quanto a… e que nós somos todas prostitutas!? È um tolo! Safe-se daqui pra fora, senhor maroto! Senão, olhe(mostrando-lhe o punho) havemos de esmurrá-lo com esta mão de pilão!. É uma clara inversão lógica, em contrapartida à uma cena que mostrasse um homem atravido sendo enxotado dos aposentos de mulheres puras e castas(cena mais provavel para as comédias do Brasil do século XIX), que além de proporcionar grande possibilidade de riso reforça o ataque do autor aos costumes e à moral de sua época. Ainda seguindo com o recurso da contrádição ele chama com muita humildade às prostitutas de santinhas quando afirma que gostaria de dormir com elas elas fazem menção ao fato dele ter sido feito padre eterno(menção à santidade que aparece também em outras peças) e elas o enxotam ao que ele sai praguejando. Só com a saída dele elas percebem o quanto estão desarrumadas(desde o começo da segunda cena) e atribuem-lhe a culpa por telas deixado quase malucas, seguem um dialogo onde cogitam a absurda hipótese de enforcá-lo  e pô-lo de centro na sala, cheio de livros, e que além de luz espiritual poderia projetar pela sala luz material. Decidem então arrumarem-se para esperar seus namorados e afirmam Não percamos nossos costumes por causa deste maluco

Cena quarta

Não temos nenhum personagem individual masculino mas entra em cena a Mariposa Velha que de certa forma é dona do bordel, mãe das meninas e guia espiritual esta assume não só o centro da ação mas de certa forma o status e a contradição moral que os personagens masculinos tinham nas cenas anteriores, assim como a possibilidade de se dirigir ao público. Se o alterego masculino de QS foi enxotado pelas meninas a Mariposa é exageradamente paparicada por elas e louvada pelas qualidades que nele eram motivo de desprezo, numa relação de submissão e falsidade. Ao fim como um sécto religioso ela congrega a todos para irem a missa, filhas e filhos; que talvez fossem os clientes já que se trata de um prostibulo e estão saindo todos ali no começo da manhã. A cena de certa forma é uma alegoria à hipocrisia, que acontece em qualquer época, de pessoas que defendem uma moral e assumem uma postura diante da sociedade mas que na vida pessoal possuem hábitos bem diferentes daqueles que assumem.


ATO III

Cena Primeira

Em cena Inesperto o criado que enquanto joga objetos para todos os lados reclama que sempre encontra o lugar desarrumado já que as coisas nunca estão no lugar onde ele deixa. E reclama que além de não lhe obedecerem não lhe pagam o sálario contratato e que quando retirar-se levará o dobro do que tiver ganho.

Cena Segunda

Entra em cena Malherbe que vendo a cena anterior fica muito espantado e interroga ao criado se este enlouqueceu e onde está a ama ao que este responde violentamente quando o amo pergunta o que o criado comeu ou bebeu para agir daquela maneira este responde que está em seu mais perfeito juizo, quando então entra a Mariposa e seguesse uma discussão no final da qual criado e ama saem abraçados, deixando Malherbe sózinho em cena. 

Cena Terceira, Quarta e Quinta

É a sequência que mais exige para ser interpretada e qua mais causa espanto, considerando para isto a primeira e a úlma destas. Entra Mildona declarando saudades de Malherbe e chamando-o de “meu querido Pai” e seguesse o dialogo:

“Malherbe –  Ah! És tu minha querida Mildona? Quanto é doce vermos feitos de nossos trabalhos de longos anos!? Um abraço minha estimadíssima, minha mesmo queridíssima filha!

Mildona – O Sr. Não reparou bem; eu não sou a sua encantadora filha; mas a jovem a quem o Sr. Em vez de amizade, sempre há confessado tributar amor?

Malherbe – Ah! Onde estava eu!? Sonhava; pensava em ti; via, e não te enxergava! Sim, sois minha; és minha; e serás sempre minha por todos os séculos dos séculos, Amém! (Saem)”

A cena passada deixa a duvida para quem toma contato com ela, seria “meu querido Pai” apenas uma forma carinhosa de Mildona chamá-lo e uma confusão de Malherbe reconhece-la por filha ou se trataria mesmo da representação de um incesto? E seria este incesto a representação do que talvez ocorresse, ou tivesse ocorrido, na vida real de QS? 

Na cena quarta uma rápida reaparição do criado que faz referencia a promiscuidade tanto do amo quanto da ama e que por isto não havia família que pudesse ter descanso e tranquilidade, ao que Malherbe enxota-o com bengaladas e gritando que “Não quero mais servilo! Não Quero” Na quinta entra novamente Mildona, vindo do quarto e perguntando Á malherbe o que houve. Este responde:

Malherbe – (muito terno) Não é cousa alguma, menina; foi apenas uma lição que quis dar a este mariola, que tem o titulo de meu criado: quis fazer-se de amo!

Logo após uma série de rubricas indicando ações simples e rotineiras até que ouve-se bater

(Levanta-se a moça; vai à porta, e foge espavorida; entra assim para um dos quartos. Levanta-se ele cheio de espanto; chega também à porta, dá um grito de dor, diz:) São eles! São Eles! São Eles! (Cai desfalecido, e assim termina o segundo ato. Milhares de luzes descem e ocupam o espaço do cenário.)

Com esta cena, bastante surreal, termina-se o ato reforçando a teoria do suposto incesto entre Malherbe e Mildona e também, caso se tratem disto as cenas, de um possível incesto real(o que seria mais difícil de afirmar). Poderiam ser, o espanto do casal que foge “deles” e as milhares de luzes, uma representação da culpa e do julgamento social que talvez pesassem contra QS.


Ato IV

Cena I

Começa com um incêndio no qual correm todos os personagens na casa, os que apareceram nas últimas cenas, tentam apagar o fogo que custa a extinguir-se. Quando todos estão tranquilos Malherbe remunga da constancia da desordem e das perda e exclama Santo Deus! Por que não cricificais aqueles que desrespeitam vossos santos preceitos!? para então completar Mas, que digo? Se continuo, estas mulheres são capazes de pendurar-me naquela travessa, e aqui deixarem-me exposto, por não querer acompanhá-las em seus modos de pensar e de julgar! E então retira-se. Reforça-se nesta cena o embate entre a moral de Malherbe e o das mulheres da casa, ou todas, e a disputa de força entre elas e este, que no final das contas não tem posição de comando nenhuma. Também introduz o que virá a acontecer nas seguinte e últimas cena.

Cena II e III

Elas decidem pregar um susto em Malherbe, por este ser desobediente aos seus chamados espirituais(mais uma vez o paradoxo entre o espirito[moral] e a carne[vontade, luxuria]) de forma que, ou ele passe a ser obediente ou será inforcado. A decisão é apoiada por todas que preparam o necessário. Entra o criado carregando o patrão, este representado por um boneco de papelão; solução bastante arrojada para a época em que foi escrita a peça, mais uma mostra a inventividade do autor. Elas dão diverso exemplos de quanto é bom viver conforme as relações naturais fazendo analogias entre as comidas de seu gosto e os homens que desejam e dizendo que por esta relação seus prazeres são em dobro. A Mariposa faz a mesma analogia quanto ao criado e decreta o penduramento do Sr. Tralhão, o amo representado em papelão, por não acompanhá-las em seus costumes, e pede o auxilio do criado que afirma que não terão trabalho visto que o objetificado patrão dorme sob efeito de certa flor cheirada. Após breve dialogo o criado faz um a parte criticando o comportamento libertino delas; em seguida penduram o amo de papelão de forma um pouco jocosa. Elas comemoram sua recém-conquistada liberdade e afirmam o desejo de enforcar o criado e tudo quanto é autoridade que nos quer estorvar de gozar O Criado então reage numa absurda cena onde de cima da escada lança pedaços do amo enforcado contra elasque ficam apavoradas e chorosas enquanto ele some de cena dizendo que vai juntar-se a seu muito respeitá-vel amo. Logo após isso a peça termina em uma ironica musica onde elas afirmam que não mais se envolveram em relações naturais e louvam o valor do trabalho. Uma paródia clara dos finais felizes e moralizantes tão caros à dramaturgia da época.

Ao fim

Não fica pedra sobre pedra ao final da obra, os ideais vigentes sobre: sociedade, religião, casamento e família, relação entre patrões e empregados, a moral e a ordem; tudo é atacado. Nem mesmo o comportamento conflituoso do autor, representado por seus alteregos, passa impune. Mostrando a dualidade entre a moral vigente e as vontades, que em seu autor eram conflitantes com esta moral, assim como em qualquer outra pessoa, e o quanto profunda e cara para QS era esta dualidade.


Este texto foi elaborado por Alex Alves em junho de 2015 para a disciplina de Poéticas Teatrais IV do Departamento de Artes Dramáticas da UFRGS sob orientação da professora Luciana Éboli.

Referências Bibliográficas:
  • DIAS, Maria Aparecida R. Qorpo Santo à Luz do Trágico em Nietzsche. (Trabalho de conclusão do Curso de Especialização em Pedagogia da Arte, do Programa de Pós Graduação em Educação da Faculdade de Educação de Universidade Federal do Rio Grande do Sul) 
  •  GARBOGGINI, João André B. Pistas para uma Possível Biografia Ficcional de Qorpo Santo (Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH – São Paulo, Julho 2011
  • Ubando Grupo Fanzine Monomaníaco (Porto Alegre, Novembro 2014)

Leia grátis

As Relações Naturais, assim como outros texto de José Joquim de Campos Leão, é disponível sem custos no site Domínio Público

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